
A NOVA GERAÇÃO DE HOTÉIS: OPORTUNIDADE DE REINVENÇÕES
“Muito mais poderosa do que a realidade da Riviera é toda aquela ideia da perpetuação da felicidade humana que ela promete”.
(Jim Ring, escritor inglês)
Hotel, Royal Riviera, França, praia privativa e paisagens relaxantes
“Luxo”, uma palavra que teve seu significado quase comprometido. Antes era usada para lugares ou produtos relevantes quanto ao prestígio. Entretanto, o termo passou a ser entendido como uma chuva de mercadorias extravagantes, de status e preços abusivos, pretendentes à categoria de bens de consumo luxuosos. Hoje fala-se em dois tipos de luxo: o de massa e o exclusivo.
Mas de onde vem o desejo pelo luxo?
Desde os primórdios, o homem deseja obter as melhores coisas. E não distante, está o natural desejo de, em algum momento, consumir algo luxuoso. Mas por trás deste desejo pelo luxo está a sua associação à manifestação dos sentidos: imagens, aromas, sabores e até a sensualidade. Neste sentido, o luxo não poderia então ser entendido como algo supérfluo, mas sim como o refinamento de algo que já existe ou se possui. Diversos autores concordam que os produtos e serviços de luxo, neste conceito, atraem a todos, muito embora estejam fora do alcance da maioria. Uma pessoa pode desejar o luxo do exclusivo (relacionados às experiências) e não o luxo de massa (relacionado ao status e extravagância).
Hotel Beho Beho, na Tanzânia oferece experiência de fazenda e safári
Hotel Aleenta Resort and SPA Phuket, na Tailândia, oferece um espetacular por-do-sol
A experiência é um dos componentes autênticos do luxo
Em sua obra The Rise and Rise of the Côte d’Azur, o autor inglês Jim Ring reflete: “Muito mais poderosa do que a realidade da Riviera é toda aquela ideia da perpetuação da felicidade humana que ela promete”.
Esse é o mesmo sonho que as incorporadoras, imobiliárias e hoteleiros de luxo vendem.
Mas no luxo a venda é apenas uma pequena parte do negócio, o que realmente importa é o que vem depois. Os clientes realmente esperam receber tudo do bom e do melhor.
Assim também é na economia experimental de hoje, onde as pessoas cada vez mais evitam os produtos e serviços vendidos como mercadorias preferindo empresas que criam experiências cativantes.
Excluindo-se as motivações do luxo de massa, onde imperam o desejo por status e extravagância, no luxo de exclusividade espera-se primeiro por qualidade e em seguida por recompensa emocional.
Hotel Domaine des Etanges, na França, oferece “wine experience”
Hotel Domaine des Etanges, na França, oferece “wine experience”
A autenticidade está se tornando a nova sensibilidade do consumidor
O lendário chef Alain Ducasse nos faz pensar sobre os limites de poder do glamour e do marketing quando se propõem a oferecer uma experiência verdadeiramente incrível:
“Há uma verdade fundamental na culinária como em qualquer outro negócio exclusivo ou artesanal: não dá para enganar o cliente. Num determinado momento, você serve a comida e o cliente prova. Ou a magia funciona ou não”.
Da mesma forma como na gastronomia, ou no luxo de exclusividade, o retorno da hotelaria à hospitalidade mais personalizada é tendência e a aposta de pequenos estabelecimentos e de grandes cadeias de hotéis.
Como no chamado luxo de massa, o turismo de massa também conduziu à formação de um grupo de consumidores insatisfeitos com o sentimento do excesso, do commodities, do vazio emocional oferecido pela padronização, dos standards.
Hotel Grande Roche, na África do Sul, visitação a plantações de uvas
Há uma tendência para o abandono da ideia de que os hotéis serviriam apenas como “alojamentos” ou “dormitórios”. A ideia de hospedagem volta integrar a hospitalidade quando retoma valores de cultura, estética e prazer.
A nova geração de hotéis reflete as transformações que deslocam o hotel para algo mais voltado ao conceito da experiência, singularidade e autenticidade, satisfazendo assim, a um público cada vez mais conhecedor de si e de suas necessidades nada supérfluas.
Lembra-se do nosso artigo sobre tipos e categorias de hotéis? (veja aqui)
Então… agora nós, idealizadores na nova hotelaria, passamos a discutir produtos hoteleiros não somente por essas categorias ou tipos. Na nova economia, passamos a idealizá-los também por conceitos: Palace Hotel, Hotel Design, Resort, Boutique Hotel, Hotel de Convenções, Spas, (novo) Low-Cost e Eco-Nature.
Vamos falar mais sobre cada conceito em próximas oportunidades, mas sugiro pensarmos sobre essa tendência:
Seria uma oportunidade para a reinvenção das pousadas familiares e hotéis independentes?